quinta-feira, 9 de junho de 2016

OS RECIFES DE CORAIS E SUA IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA


Entre os cnidários, as formas polipoides do grupo dos Antozoários com seus esqueletros de carbonato de cálcio são os principais responsáveis pela formação dos recifes. Estes locais proporcionam ambiente ideal para o desenvolvimento de fauna e flora muito específicas.  Graças às condições de iluminação e transparência da água, os recifes de corais são localidades de alta produtividade biológica.
De todas as comunidades de águas rasas tropicais, os recifes de corais são as mais ricas em biodiversidade. Devido a certas características da formação, geralmente existe nesses locais forte movimentação de água que propiciam permanente migração e imigração de micro e macro fauna e flora, nutrientes e elementos, da plataforma continental para o recife, e vice-versa.

No entanto, são ecossistemas extremamente frágeis sendo afetados pela poluição marítima e até pelo aumento do efeito estufa que provoca um desequilíbrio na acidez dos oceanos. Este desequilíbrio acaba causando o fenômeno do branqueamento dos recifes resultado da morte de algas simbiontes que vivem no interior dos pólipos.

O documentário abaixo produzido pelo Projeto Coral Vivo fala sobre os corais brasileiros e os recifes coralíneos da Bahia, explicando o ambiente propício ao desenvolvimento de grande diversidade de seres.




CNIDÁRIOS: OS PRIMEIROS ANIMAIS COM SISTEMA NERVOSO




Esses animais se diversificaram numa ampla faixa de formas sésseis e móveis, incluindo as hidras, os corais e as medusas.
São os primeiros animais a chegarem ao estágio de gástrula no seu desenvolvimento embrionário. Desta forma desenvolvem dois folhetos embrionários – ecto e endoderme. Pela primeira vez, aparece uma cavidade digestiva que dá o nome mais antigo ao Filo (Coelenterada = com cavidade digestiva). A nomenclatura mais moderna usa a presença de uma célula exclusiva destes animais – os cnidoblastos – utilizados para defesa e predação para dar o nome ao grupo.




          1.  Estrutura corporal

A maioria dos cnidários exibe um plano corpóreo relativamente simples, diploblástico e com simetria radial, existente há aproximadamente 570 milhões de anos.
O plano corporal básico desses animais é um saco com compartimento digestivo central, a cavidade gastrovascular. Uma abertura única nesta cavidade funciona como boca e ânus. Existem duas variações desse padrão corporal. A forma polipoide é fixa (séssil) e vive presa a um substrato. A forma medusoide é livre natante. As duas formas podem estar presentes na mesma espécie (alternância de gerações)
Sua simetria é radial dividindo o corpo numa região oral (para baixo nos medusas/ para cima nos pólipos)  e região aboral (oposta a boca).



2. Tecidos e células

O folheto da ectoderme origina a epiderme do animal onde, além das células de revestimento, podemos encontrar células sensoriais e os cnidoblastos.
Derivada da endoderme do embrião temos a gastroderme, tecido que reveste a cavidade digestiva com células glandulares envolvidas na digestão do animal.
Como não possuem o folheto da mesoderme não desenvolvem músculos verdadeiros. No entanto, tanto na epiderme, como na gastroderme, apresentam células capazes de contração que permitem a movimentação do animal como um todo.



O cnidoblasto é um tipo de célula urticante que apresenta uma organela especializada denominada nematocisto. Este contém em seu interior uma cápsula com proteínas tóxicas e urticantes servindo para defesa e captura de presa.



          3. nutrição

Os cnidários são predadores e frequentemente utilizam seus tentáculos arranjados ao redor da boca para capturar pequenos animais aquáticos e empurrar o alimento para a cavidade gastrovascular onde começa a digestão. Esta termina no interior das células que revestem a cavidade (digestão extra e intracelular). 




A distribuição dos nutrientes ocorre por difusão e os restos não digeridos são eliminados pela boca. Sua cavidade digestiva é incompleta (somente com boca)
Como possuem poucas células, a água que circula pela gastroderme e pela superfície do corpo já é suficiente para levar oxigênio que se difunde para as células.




4. SISTEMA NERVOSO:

São os primeiros animais a possuírem um Sistema Nervoso que permite perceber estímulos  e responder como um organismo. Nas esponjas, a resposta aos estímulos se dava no nível celular.
O sistema nervoso é um reflexo da simetria radial formando uma rede difusa (não-centralizada) sob a epiderme do animal.



5. Grupos de Cnidários:



6 . Reprodução

--> reprodução Assexuada

A reprodução assexuada em hidras é, em geral, feita por brotamento. Brotos laterais, em várias fases de crescimento, são comumente vistos ligados à hidra-mãe e dela logo se destacam.
Esse processo de multiplicação, em que não ocorre variabilidade genética, é propício nos ambientes estáveis e em épocas favoráveis do ano, em que as hidras estão bem alimentadas.



àreprodução Sexuada

a) Desenvolvimento direto

As formas polipoides tem sexos separados (dioicos). Os espermatozoides são liberados na água penetrando no corpo da fêmea para fecundar o óvulo (fecundação interna). Origina-se um zigoto que começa seu desenvolvimento ainda preso ao corpo da mãe, logo desprendendo-se e fixando-se a um substrato.




b) Desenvolvimento Indireto: alternância de gerações.

Neste caso encontramos a forma polipoide e medusoide no ciclo de vida da mesma espécie. O pólipo forma medusas por reprodução assexuada. As medusas, por sua vez, formam gametas que após a fecundação, dão origem a uma larva plânula. Esta fixa-se ao substrato desenvolvendo-se posteriormente em novos pólipos.





RESUMINDO:



quarta-feira, 8 de junho de 2016

PORÍFEROS: OS PRIMEIROS ANIMAIS



Os animais do Filo Porífera são informalmente conhecidos como esponjas, que são animais sésseis, isto é, vivem fixas sobre o fundo rochoso ou arenoso dos mares. Poucas espécies vivem em água doce. Possuem tamanhos e formas variados.
As esponjas são animais basais, isto é, representam uma linhagem que se origina perto da raíz da árvore filogenética dos animais. Diferentemente dos outros animais, as esponjas não apresentam tecidos verdadeiros. 




Estrutura Corporal

Os primeiros animais não desenvolvem folhetos embrionários verdadeiros, portanto, não possuem tecidos diferenciados. O corpo das esponjas possui vários poros que se comunicam com uma cavidade interna chamada átrio que, por sua vez, se comunica com o meio externo por uma abertura chamada ósculoPossuem 3 tipos básicos de estrutura corporal:
- Asconóide: os poros comunicam-se diretamente com o átrio;
- Siconóide: a parede corporal dobra-se delimitando pequenas câmaras;
- Leuconóide: inúmeras câmaras ligadas por canais. São as maiores espécies de esponja.



Apesar de não possuírem tecidos, as esponjas apresentam vários tipos celulares:
- Porócitos: com formato cilíndrico formam um canal que permite a entrada de água;
-  Pinacócitos: revestem externamente a esponja;
- Amebócitos: secretam os elementos de sustentação (espículas) e são totipotentes, ou seja, podem formar todos os outros tipos de célula do corpo da esponja;
- Coanócitos: possuem flagelos que mantém o fluxo de água pelo corpo da esponja. Também são responsáveis pela captura das partículas alimentares e pela sua digestão.




Entre as células encontramos elementos esqueléticos, que são espículas minerais com diferentes formatos apoiadas numa trama proteica de colágeno. São importantes para a classificação e identificação das espécies.



Algumas esponjas possuem somente esqueleto de colágeno e após sua morte são utilizadas como esponjas de banho por algumas populações. Esta atividade pode provocar a extinção de várias espécies.



2. Nutrição, Excreção e trocas gasosas

As esponjas são animais filtradores: capturam partículas de alimento suspensas na água que atravessa seus corpos, que em muitas espécies lembram sacos perfurados de poros. A água é drenada pelos poros para a cavidade central, a espongiocele, e sai por uma grande abertura chamada ósculo.
O batimento conjunto dos flagelos dos coanócitos  cria um fluxo de água para o interior das esponjas no sentido poro à átrio à ósculo.
Quando a água circula os coanócitos capturam as partículas nutritivas com seu colarinho membranoso fagocitando-as. A digestão é completamente intracelular e os resíduos são eliminados por exocitose para a água circulante.
Esta mesma água carrega oxigênio dissolvido para as células por difusão simples.




3. Reprodução

a) Reprodução Assexuada

Como possuem grande capacidade de regeneração podem formar agregados celulares chamados gêmulas com reservas nutritivas. Estas se desprendem do corpo das esponjas e podem resistir a períodos de dessecação até o ambiente se tornar favorável para a sua multiplicação, formando um novo indivíduo.
Também podem se reproduzir por brotamento, quando os brotos se destacam da esponja-mãe sendo carregados pela corrente de água formando novos indivíduos.




b) Reprodução Sexuada

A maioria das espécies é monóica, ou seja, cada indivíduo atua como macho e fêmea na reprodução sexuada, produzindo espermatozoides e óvulos, porém em épocas diferentes. Desta forma previne-se a autofecundação.
Os coanócitos diferenciam-se nos espermatozoides e os óvulos derivam dos amebócitos. Os espermatozoides são liberados na água penetrando em outro indivíduo através dos poros até encontrar o óvulo. A fecundação é, portanto, interna.
O zigoto dá origem a uma larva livre-natante que fixa-se a um substrato para desenvolver-se numa esponja adulta.




PARA SABER MAIS, ASSISTA O VÍDEO:




REINO FUNGI (IV): ASSOCIAÇÕES COM OUTROS ORGANISMOS




Os fungos desempenham funções importantes na reciclagem de nutrientes, nas interações ecológicas e no bem-estar humano., podendo se comportar como decompositores, mutualistas e patógenos.

1. MICORRIZAS

Micorrizas são relações de benefício mútuo entre fungos e raízes de plantas, que foram encontradas em fósseis de plantas vasculares de 420 milhões de anos e que, provavelmente, foram essenciais para a colonização do ambiente terrestre pelas plantas. Nesta associação, as hifas dos fungos formam um revestimento sobre as raízes das plantas, por vezes penetrando nos espaços entre as células deste órgão.
Fungos que formam micorrizas podem melhorar a transferência de íons fosfato e outros minerais para as plantas, pois a grande rede do micélio dos fungos é mais eficiente do que as raízes das plantas na absorção destes minerais do solo. Em troca, as plantas fornecem aos fungos nutrientes orgânicos resultados da sua fotossíntese, como carboidratos.

Disponível em <http://clickeaprenda.uol.com.br/portal/mostrarConteudo.php?idPagina=33472> 


Micorrizas são extremamente importantes em ambientes naturais e na agricultura. Quase todas as plantas apresentam esta associação e dependem de seus parceiros para absorção de nutrientes essenciais. Diferentes espécies de plantas utilizadas na agricultura têm  esporos desses fungos inseridos em suas sementes para promover seu crescimento, como por exemplo, os pinheiros utilizados na indústria madeireira e de celulose.

Micorriza em planta de Pinus com menos de 4cm de altura acima do solo.
(Disponível em <http://www.agroecologiamurcia.org>)
 


2. LÍQUENS

Os líquens são uma forma de associação entre um organismo fotossintetizante e um fungo na qual o primeiro fica retido em uma massa de hifas do segundo. Os organismos fotossintéticos, normalmente são algas verdes ou cianobactérias. O fungo normalmente pertence ao grupo dos ascomicetos.

Variação nas formas de crescimento de liquens. (FONTE: CAMPBELL, 2010).

O micélio do fungo forma a maior parte do corpo do líquen e as algas ocupam as camadas mais internas, abaixo da superfície. A ligação entre os participantes da associação é tão íntima que os líquens são denominados cientificamente como se fossem um único organismo.

Anatomia de um líquen ascomiceto (MEV). (FONTE: CAMPBELL, 2010).

Na associação, a alga fornece a seus parceiros os produtos de sua fotossíntese. O fungo, por sua vez, fornece um ambiente apropriado para o crescimento da alga ou cianobactéria, retendo água e minerais essenciais. Desta forma, os líquens podem crescer em ambientes inóspitos, tais como rochas, troncos em decomposição, ilhas vulcânicas recém-consolidadas,... - lugares onde nenhum outro organismo poderia se desenvolver. Esta característica faz com que os líquens sejam organismos pioneiros.
Mesmo sendo, em parte, organismos bastante resistentes, muitos líquens não toleram muito bem a poluição do ar. Sua forma passiva de tomada de minerais da chuva e umidade do ar os torna particularmente sensíveis ao dióxido de enxofre e outros poluentes atmosféricos.


3. ASSOCIAÇÕES MUTUALÍSTICAS ENTRE FUNGOS - ANIMAIS

Muitas espécies de formigas se beneficiam do poder digestivo dos fungos, cultivando-os em “fazendas”. As saúvas, por exemplo, carregam folhas da floresta para seus formigueiros onde servirão para alimentar os fungos que crescem em seu interior. Enquanto as hifas dos fungos crescem, as formigas vão se alimentando de suas extremidades ricas em proteínas e carboidratos. Sem esta associação, as formigas não poderiam digerir todos os compostos das folhas, inclusive alguns compostos tóxicos, que são digeridos pelos fungos.

Insetos jardineiros de fungos. Estas formigas cortadoras dependem de fungos para converter material vegetal em uma forma que os insetos possam digerir. Os fungos, por sua vez, dependem dos nutrientes das folhas que as formigas oferecem como alimento. (FONTE: CAMPBELL, 2010)


4. Fungos parasitas

Diversas espécies de fungos são parasitas e causam doenças em plantas e em animais, inclusive na espécie humana; sendo micose o termo geral utilizado para caracterizar infecções causadas por fungos. Apesar de somente 50 espécies atacarem o ser humano e outros animais, estas causam danos consideráveis. Muitas dessas infecções atacam a superfície da pele, principalmente nas regiões mais quentes e úmidas. O popular “pé-de-atleta”, conhecido também como frieira, apesar de altamente contagioso, pode ser tratado com loções e talcos.
Micoses mais graves podem se desenvolver quando os esporos são inalados. A coccidiomicose produz sintomas semelhantes aos da tuberculose. Algumas micoses são oportunistas, aguardando alguma mudança microbiológica ou imunológica no organismo para se desenvolver, como a Candida albicans, uma espécie que normalmente habita o epitélio umedecido da superfície vaginal. Sobre certas circunstâncias, pode crescer muito rapidamente gerando feridas por todo o corpo. Muitas outras micoses oportunistas se tornaram mais comuns nas últimas décadas, em parte devido à AIDS, que compromete o sistema imune.
Nas plantas, os fungos provocam várias doenças, como a “ferrugem” que ataca o cafeeiro e outras de interesse econômico, prejudicando sua fotossíntese. Alguns dos fungos que atacam cultivos são tóxicos para os humanos. Por exemplo, algumas espécies do gênero Aspergillus contaminam grãos e amendoins guardados inadequadamente, pela secreção de compostos cancerígenos denominados flavotoxinas. O alucinógeno LSD foi extraído de fungos parasitas do centeio do gênero Claviceps que provocam uma doença chamada ergotismo.

Exemplos de doenças de plantas causadas por fungos. (FONTE: CAMPBELL, 2010)

Esta cena da foto abaixo de uma associação desarmônica  entre a formiga e um fungo parasita chega a soar como filme de terror: um engenhoso fungo hospeda-se no corpo de uma formiga ainda viva e se prolifera, consumindo-a até a morte. Durante o agonizante processo, o inseto caminha até uma planta e finca suas mandíbulas em uma folha, num estado inerte que remete a zumbis. Espécies do gênero Cordyceps e Ophiocordyceps estão entre os parasitas mais comuns.

Disponível em <http://viajeaqui.abril.com.br/materias/os-cogumelos-mais-estranhos-do-mundo#22>

REINO FUNGI (III): REPRODUÇÃO

A reprodução, entendida como um processo pelo qual se torna possível a continuidade das espécies, pode ocorrer na forma assexuada e sexuada neste reino.

Reprodução Sexuada

Zigomicetos, ascomicetos e basidiomicetos apresentam processo de reprodução sexuada. O ciclo sexual inicia pela fusão citoplasmática, chamada plasmogamia,  resultando em hifas heterocarióticas com células haploides de dois genitores diferentes. Na extremidade destas hifas ocorre a fusão nuclear, a cariogamia. Essa fase diploide resultante é curta e é seguida de meiose produzindo esporos sexuais haploides. Os esporos são células dotadas de paredes celulares espessas que os tornam resistentes à perda de água e permitem a dispersão da espécie.

Ciclo de Vida Generalizado dos Fungos. Muitos fungos se reproduzem tanto sexuada quanto assexuadamente. Alguns se reproduzem apenas sexuadamente e outros apenas assexuadamente. (FONTE: CAMPBEL, 2010.)


Reprodução Assexuada

A reprodução assexuada ocorre por divisão celular sucessiva, originando novos organismos iguais pela fragmentação do micélio ou pela produção de esporos assexuais.
Os fungos unicelulares (leveduras) reproduzem-se por brotamento no qual os brotos normalmente separam-se da célula original, mas podem vir a permanecer grudados, formando cadeias de células. 


Levedura Saccharomyces cerevisiae em vários estágios de brotamento (MEV)
(FONTE: CAMPBEL, 2010.)

Os fungos filamentosos frequentemente reproduzem-se assexuadamente por simples fragmentação das hifas. No entanto, podem produzir esporos haploides por mitose em estruturas especiais chamadas esporângios.

 Penicillium spImagem de microscopia de varredura eletrônica (cores adicionadas) de micélio fúngico com as hifas (verde), esporângio (laranja) e esporos (azul).



REINO FUNGI (II): NUTRIÇÃO





Os fungos são heterotróficos, se utilizando de diversas fontes orgânicas de alimento. Vivem, em sua maior parte, no solo, alimentando-se de cadáveres de animais ou de plantas. Outras espécies nutrem-se de matéria orgânica ainda viva, causando doenças em animais e o “apodrecimento” de frutas e verduras. Juntamente com as bactérias, formam os principais decompositores da natureza.

Para sua nutrição, as hifas liberam enzimas digestivas que agem extracelularmente degradando as moléculas orgânicas. Então, absorvem os produtos da digestão. Esse modo de vida é conhecido como saprofagia, responsável pelo apodrecimento de diversos materiais. Ainda existem algumas espécies que são parasitas, vivendo às custas de animais e plantas vivos. Há espécies que vivem em associações harmônicas, como os líquens e as micorrizas.