quarta-feira, 23 de março de 2016

Vírus é um ser vivo?

Todos os seres vivos são constituídos por células (podendo ser uni ou pluricelulares), onde armazenam sua informação genética em moléculas complexas de DNA. Desta forma, podem se reproduzir e construir moléculas (proteínas) que permitem a manifestação de seu metabolismo. Fundamentalmente, possuem a capacidade de adaptação em um ambiente em constante mudança.

 Estrutura de uma célula animal

Se as características dos seres vivos estão bem claras, quando a discussão chega aos vírus, o tema é muito controverso. Apesar de apresentar ácidos nucleicos (podendo ser RNA ou DNA), estes só exercem suas "funções" quando possui um organismo hospedeiro.


Além disso, sua multiplicação depende do metabolismo do hospedeiro. Uma teoria muito aceita pelos cientistas é que os vírus provavelmente teriam se desenvolvido a partir de pedaços de DNA de seus hospedeiros. Outra teoria sobre a origem dos vírus também muito apoiada é a de que os mesmos evoluíram de organismos extremamente reduzidos no caldo primordial.
Estrutura dos vírus


A estrutura dos vírus seria diferente da de uma célula, unidade morfo-funcional dos seres vivos. Ele possui uma pequena quantidade de ácido nucleico envolto por uma capa proteica chamada capsídeo, que protege-o. Em alguns vírus como o HIV, há um segundo envoltório ao redor do capsídeo, o envelope lipoproteico. A estrutura de uma célula possui citoplasma, membrana citoplasmática e núcleo. Pelo fato do vírus não possuir nenhuma dessas estruturas, ele necessita da célula para que consiga realizar suas "funções", ou seja, possuir um metabolismo, se “apossando” do da célula.


O processo de infecção da célula e multiplicação varia de acordo com a espécie viral. Alguns vírus entram por completo na célula, outros introduzem apenas o genoma no citoplasma da célula infecta. Os vírus com envelope podem liberar o capsídeo no citoplasma. Nos três casos, o ácido nucleico viral é responsável pelo envolvimento do maquinário metabólico celular na formação de novos vírus.

Assista o vídeo do ciclo reprodutivo de um vírus:



VÍRUS, UM DESAFIO A DEFINIÇÃO DE VIDA


De certa maneira, a discussão sobre o vírus ser vivo ou não continua. Diante das mais diversas argumentações tanto daqueles que afirmam o vírus como um ser vivo, alegando que este é responsável por toda uma malha de interações com o meio vivo; quanto, daqueles que creem que o vírus não seja um ser vivo, como apresentado nos argumentos do texto acima. O mais importante, na realidade, seria reexaminar o conceito de vida antes de indagar-se da condição de vida do próprio vírus.

terça-feira, 15 de março de 2016

TAXONOMIA, ou sobre dar nomes "estranhos" aos seres vivos


Taxonomia é a ciência que classifica os seres vivos. Também chamada de “taxionomia” ou “taxeonomia”. Ela estabelece critérios para classificar todos os seres vivos sobre a Terra em grupos de acordo com as características fisiológicas, evolutivas e anatômicas e ecológicas.

A primeira tentativa de se classificar as mais de 10 milhões de espécies de seres vivos da terra, data de 3 séculos antes de Cristo quando Aristóteles classificou os animais em “sem sangue vermelho” e “com sangue vermelho”. Como se pode perceber, essa classificação não era nem um pouco prática. Assim, surgiram outras tentativas de classificar os seres vivos.



No século XVII surge o conceito de espécie introduzido pelo naturalista John Ray (considerado o pai da história natural inglesa). No século seguinte, os seres vivos começam a ser classificados de acordo com sua semelhança morfológica e desenvolvimento embriológico até que, em 1735, Carl Von Linné (1707-1778), mais conhecido como Lineu, publica Systema Naturae, onde trata dos reinos animal, vegetal e mineral agrupando os seres vivos em classes, ordens, gêneros e espécies. A partir deste trabalho, passou-se a usar o sistema binominal criado por Lineu para classificar as diferentes espécies, primeiramente de plantas, adotando-se um primeiro nome em latim para indicar o gênero e um segundo nome indicando a espécie.

Exemplo: Canis familiaris - cão doméstico

Os seres vivos são classificados da seguinte maneira: domínioreinofiloclasseordemfamíliagênero e espécie

Vejamos um exemplo do berbigão ou vôngoli.


Domínio: Eukarya
Reino: Animal
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Ordem: Veneroida
Família: Veneridae
Gênero: Anomalocardia
Espécie: Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)

Subcategorias podem ser incluídas (subclasse, subfamília) mas não são obrigatórias.

Espécie

A espécie é a unidade taxionômica fundamental e agrupa seres vivos capazes de se reproduzir em condições naturais gerando descendentes férteis em condições naturais. O exemplo mais comum para se ilustrar o que é uma espécie é o cruzamento entre um jumento e uma égua. Ambos, aparentemente preenchem todas as características acima e poderiam ser da mesma espécie, entretanto de seu cruzamento nasce o burro que um animal infértil e, portanto, o jumento e a égua não podem ser considerados como sendo da mesma espécie.


Espécies que apresentam algumas características comuns são agrupadas em gêneros e os gêneros, por sua vez são agrupados em famílias. Várias famílias formam uma ordem. Claro que conforme se avança na classificação das espécies em sentido crescente (espécie à gênero à família...) a diversidade vai aumentando e as diferenças entre os seres também. Várias ordens de animais com características predominantes semelhantes podem ser agrupados em classes. Um exemplo é a classe dos insetos que agrupa animais como as abelhas, as baratas e as moscas, todas de espécies diferentes. As classes, por sua vez, fazem parte dos filos e os filos, são agrupados em reinos que são a classificação mais genérica dos seres vivos.





Por que os nomes das espécies são importantes?

Muitos seres vivos são "batizados" pela população com nomes populares. Esses nomes podem designar um conjunto muito amplo de organismos, ou ainda é possível mais de um nome se referir ao mesmo ser. Por exemplo, no Brasil, o aipim dos gaúchos é a macacheira do Nordestino ou a mandioca do paulista. Mas é a mesma espécie, Manihot utilissima.

Se considerarmos o mundo todo, com idiomas e dialetos diferentes, um mesmo ser vivo poderia receber muitos nomes. Desse modo, podemos entender que o nome científico é a forma de reconhecer uma espécie universalmente, facilitando a comunicação entre cientistas internacionalmente.

Os nomes dos organismos e as informações associadas podem ter importância para a Agricultura, Saúde, Ecologia, Genética, Biologia Molecular e Biologia do Comportamento, entre outras áreas. A Biologia Aplicada depende das identificações corretas, que evitam gastos inúteis ou danos sérios. Por exemplo, a identificação correta de Achatina fulica permite a distinção dessa espécie de gastrópode invasor - uma praga agrícola e possível vetor de doenças ao homem e aos animais domésticos e de criação -, de outras espécies semelhantes, nativas do Brasil e inofensivas. Após a identificação correta, medidas adequadas para controle da praga podem ser adotadas.