terça-feira, 5 de abril de 2016

Um pouco da história dos estudos sobre bactérias

Uma das primeiras hipóteses, associadas ao estudo das bactérias, de que se tem notícia foi postulada no século XIII, por Roger Bacon, que sugeriu que as doenças eram produzidas por seres vivos invisíveis. A ideia foi novamente recomendada por Girolamo Fracastoro de Verona (1483-1553).

No entanto, a primeira observação documentada dos organismos bacterianos foi realizada pelo naturalista holandês  Antony Van Leeuwenhoek (1632-1723), com a ajuda de um microscópio simples de sua própria construção. Ele informou sua descoberta à Sociedade Real de Londres, em 1683, mas a Bacteriologia, como ciência, não se estabeleceu até meados do século XIX.



Desenho de Leeuwenhoek, publicado em 1684, retrata bactérias observadas através do microscópio.

Apesar das tentativas de associar as bactérias às doenças, como nos trabalhos do pesquisador Marcus Anton Von Plenciz (1705-1786), que procurou estabelecer a natureza do “contagium” e do “miasma” (o primeiro, derivando do organismo doente, enquanto o segundo, que era gerado fora do corpo, se espalhava pelo ar), por vários anos se acreditou que bactérias eram produzidas através de geração espontânea.

Foram muitos os esforços de vários químicos e biólogos para provar que as bactérias, como todos os organismos vivos, só surgiam de outros organismos semelhantes. Este fato foi finalmente comprovado em 1860, pelo cientista francês
Louis Pasteur (1822-1895).

EXPERIMENTO DE PASTEUR












Com os trabalhos de Pasteur associados aos de Robert Koch (1843-1910), praticamente iniciou-se a era da Bacteriologia. Durante um congresso internacional, ocorrido em Londres em 1881, Pasteur teve a oportunidade de conhecer as pesquisas de Koch: seus cultivos de bactérias em dos meios sólidos (gelatina, ágar, etc.) e suas técnicas de fixação e coloração (muitas utilizadas ainda hoje). Até então, Pasteur só usava meios líquidos, o que praticamente impossibilitava o isolamento bacteriano.


Robert Koch and Louis Pasteur

Em 1840, depois dos primeiros trabalhos de Pasteur, Friedrich Gustav Jacob Henle (1809-1885), expôs as suas ideias, estabelecendo condições básicas para que um ser microscópico particular pudesse ser considerado causador de uma doença infecciosa ou infectocontagiosa. São os Postulados de Henle:
  1. O agente causador da infecção deve ser encontrado com constância no corpo do doente.
  2. Deve ser possível isolá-lo e, com tal agente isolado, reproduzir experimentalmente a doença.
Friedrich Gustav Jacob Henle


Esses postulados foram aperfeiçoados mais tarde pelos trabalhos de Robert Koch, primeiro a isolar o Micobacterium tuberculosis:
  1. Um microrganismo específico pode sempre ser encontrado em associação com uma dada doença.”
  2. O organismo pode ser isolado e cultivado, em cultura pura, no laboratório.”
  3. A cultura pura produzirá a doença quando inoculada em animal sensível.”
  4. É possível recuperar o microrganismo, em cultura pura, dos animais experimentalmente infectados.”

Em 1882, Koch anunciou sua descoberta da bactéria responsável pela tuberculose.


Outras pesquisas se desenvolviam ao lado dos trabalhos de Pasteur e Koch.

Ø Em 1745, John Needham afirmou estar o ar cheio de micróbios.

Ø O médico Oliver W. Holmes (1809-1894), levando em conta que as fermentações e as putrefações são também obras de microrganismos, insistia que a febre puerperal era contagiosa e, provavelmente, ocasionada por um agente transmitido de uma mãe para outra, por intermédio dos médicos e das parteiras.

Ø Quase na mesma época, o médico húngaro Ignaz P. Semmelweis (1818- 1865) introduziu o uso de antissépticos na prática obstétrica.


Ø Em 1867, com base nestes estudos, o Dr. Joseph Lister (1827-1912) concluiu que deveria ser possível evitar as infecções pós-operatórias, desinfetando previamente os instrumentos cirúrgicos, o campo operatório e as mãos do cirurgião.


Pode-se dizer que o período de 1880-1900 foi de grande desenvolvimento da bacteriologia com a descoberta de várias bactérias patogênicas. Nos últimos anos, com o avanço das pesquisas em Biologia Molecular, a Microbiologia evoluiu bastante, associando velhos conhecimentos com os novos, facilitando os diagnósticos e os tratamentos de doenças.

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